Marcos Roberto Silveira Reis, mais conhecido apenas como Marcos (Oriente, 4 de agosto de 1973), é um ex-futebolista brasileiro que atuava como goleiro.
De 1992 a 2012 foi atleta do Palmeiras, onde é considerado um dos maiores ídolos da história do clube.[1][2] Também chamado de "São Marcos" por causa de suas defesas consideradas "milagrosas",[3] vestiu a camisa alviverde durante toda a sua carreira profissional, sendo decisivo na conquista de inúmeros títulos do clube, como o da Copa Libertadores da América de 1999.
Foi o goleiro titular da Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 2002, quando a equipe conquistou seu quinto título mundial. Também com a camisa da agremiação nacional conquistou a Copa América de 1999 e a Copa das Confederações de 2005.[4] Transcendendo sua forte identificação com o Palmeiras, conquistou a simpatia e a admiração de torcedores de times rivais no Brasil, por conta de seu elogiado caráter e também por ser considerado um dos grandes goleiros de todos os tempos no futebol brasileiro.[5][6][7]
Marcos detém ainda o recorde de goleiro que mais defendeu cobranças de pênaltis na história da Copa Libertadores.
Marcos iniciou sua carreira no modesto Lençoense[9] da cidade de Lençóis Paulista, onde atuou nas categorias de base do clube até 1992, quando foi contratado pelo Palmeiras e se tornou atleta profissional. Antes de ser contratado pelo Palmeiras, o atleta teve uma breve passagem de três meses pelo rival Corinthians, por empréstimo do Lençoense, porém não foi oficialmente registrado pelo clube junto à Federação Paulista de Futebol. Não disputando a Copa São Paulo de Futebol Júnior pelo Corinthians, o atleta acabou voltando ao clube detentor dos seus direitos federativos. João Sérgio de Morais, hoje presidente do Lençoense, era preparador físico na época em que Marcos defendia o clube e aspirava por uma carreira profissional. Ele relembra o período em que o ex-goleiro foi emprestado ao Corinthians:
- Ele ficou três meses só treinando (no Corinthians). Um dos diretores do Alvinegro tinha um filho que jogava na equipe e, por isso, engavetaram os documentos do Marcos para ele não jogar a Copa São Paulo de Futebol Júnior. Então, o Marcos me ligou e pediu para eu buscá-lo. Eu fui lá, e esse diretor passou e ouviu o Marcos falar para ele: "Estou indo embora para Lençóis, mas eu vou ser jogador de futebol e vou jogar contra o Corinthians" - revelou o dirigente.[10]
Aos 18 anos, prestes a completar 19, estreou no time principal do Palmeiras em um amistoso contra a Esportiva Guaratinguetá no dia 16 de maio de 1992,[11] vencido por seu time pelo placar de 4 a 0, onde ele defendeu um pênalti.
Depois desse jogo, Marcos continuou como o terceiro goleiro da equipe e só voltou a atuar novamente em 1996, quando já era o reserva imediato da posição, permanecendo nesta condição até 1999.
Titularidade
Em menos de três meses, Marcos se transformou de reserva do Palmeiras a principal astro da maior conquista do clube: a Copa Libertadores da América de 1999.[12] O goleiro virou titular na quinta rodada da competição, devido a uma contusão de Velloso, e não largou mais a camisa titular. Para alegria da torcida palmeirense, suas melhores atuações foram nos dois jogos contra o arqui-rival Corinthians, nas quartas-de-final, quando fez defesas milagrosas que levaram a decisão aos pênaltis. Ao final da competição, além de receber o apelido de São Marcos, foi eleito o melhor jogador da Libertadores e a revelação do torneio continental.[13]
Com a sua ascensão no Palmeiras, foi convocado para a Copa América e para a Copa das Confederações, ambas de 1999, sendo suplente de Dida. No mesmo ano, em 13 de novembro de 1999, fez a sua estreia pela Seleção Brasileira, em amistoso contra a Espanha.
Em 2000, reforçou sua condição de ídolo com grandes apresentações, com destaque para as partidas das épicas semifinais da Libertadores contra o Corinthians.[14] Depois de dois duelos no tempo normal bastante disputados, o primeiro com vitória do clube alvinegro por 4 a 3 e o segundo com vitória alviverde por 3 a 2, a decisão da vaga para a final foi para os pênaltis. Marcos defendeu a última cobrança, feita por Marcelinho Carioca, ídolo da torcida rival na época, garantindo a classificação do seu time para mais uma final, em que, após dois empates, perdeu o título para o Boca Juniors em nova decisão por penalidades máximas.
Em 2001, novamente na Libertadores da América, foi decisivo para o Palmeiras chegar novamente às semifinais da competição.[15] Nas quartas-de-final, depois de dois empates no tempo normal contra o Cruzeiro, por 3 a 3 no Estádio Palestra Itália e por 2 a 2 no Estádio do Mineirão, a vaga para a fase seguinte foi para os pênaltis. Marcos defendeu três cobranças da equipe adversária e classificou a equipe paulista. Nas semifinais, contra o Boca Juniors, após dois jogos empatados por 2 a 2, o Palmeiras foi eliminado nos pênaltis.
Ainda em 2001, assumiu a titularidade da Seleção Brasileira. Disputou os últimos seis jogos das Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2002 e a Copa América de 2001, disputada na Colômbia. A equipe da casa foi a campeã. O Brasil caiu nas quartas-de-final, após perder por 2 a 0 para Honduras.
Copa do Mundo
Em 2002, foi o goleiro titular da Seleção Brasileira campeã da Copa do Mundo de 2002, no Japão e na Coreia do Sul, sendo o único jogador da Seleção a não ser substituído em toda a competição pelo técnico Felipão. Seus reservas eram Dida e Rogério Ceni.
Em sete jogos disputados pela Seleção Brasileira na Copa de 2002, Marcos sofreu apenas quatro gols. Foram três na primeira fase e apenas um, contra a Inglaterra, nas fases decisivas da competição.
No mesmo ano, foi eleito o terceiro melhor goleiro da Copa, ficando atrás de Oliver Kahn (então vice-campeão do mundo) e Rüştü Reçber (goleiro do brilhante time da Turquia em 2002) e o quarto melhor do Mundo.
Dificuldades
Em 2002, após a Copa do Mundo, o Palmeiras acabou rebaixado para a Série B no Campeonato Brasileiro daquele ano.[16][17]
Com uma proposta do Arsenal para substituir David Seaman, a paixão de Marcos por sua família e pelo Palmeiras o fizeram permanecer no Brasil, para levar o time de volta à primeira divisão, o que ocorreu no ano de 2003. Além da tentativa do time inglês, recusou propostas de Cruzeiro, Fluminense, Internacional e Vasco da Gama para jogar na primeira divisão do futebol brasileiro.
Sobre o episódio com o Arsenal, Marcos comentou:
“ | "Deixei de ser apenas um jogador de futebol quando recusei uma proposta de R$ 45 milhões para jogar no Arsenal, da Inglaterra, e preferi disputar a Série B do Brasileiro pelo Palmeiras." | ” |
Retorno a Seleção Brasileira
Depois de se sagrar campeão mundial, Marcos participou de outro torneio com o Brasil, a Copa das Confederações de 2005, na Alemanha. Reserva de Dida, o goleiro palmeirense disputou uma partida na vitoriosa campanha. Foi na primeira fase, em empate por 2 a 2 com o Japão.
Contusão
Em 2007, sofreu nova contusão contra o Juventus-SP no dia 11 de março pelo Campeonato Paulista.[18] Voltou aos gramados como reserva no jogo contra o rival Corinthians, em que o Palmeiras venceu por 1 a 0,[19] mas ficou o resto da temporada no banco, pois o reserva Diego Cavalieri estava em grande fase. Nesse meio tempo, o Botafogo buscou saber se o arqueiro poderia se transferir por empréstimo, mas a diretoria palmeirense prontamente rechaçou qualquer oferta.[20]
Em 2008, depois de mais de 11 meses fora, Marcos voltou a ser titular no jogo contra o Guaratinguetá na 7ª rodada do Paulistão,[21] e depois disto não saiu mais do gol alviverde, assumindo o posto de goleiro "favorito" do técnico Vanderlei Luxemburgo.
Retorno
No dia 4 de maio de 2008, sagrou-se campeão paulista. No dia 21 de setembro completou 400 jogos com a camisa do Palmeiras.[22]
No dia 1 de novembro de 2008, perdeu o pai, Ladislau Silveira Reis, de 73 anos que, em consequência de problemas cardíacos, morreu às 6 horas da manhã em Marília (a 21 km da cidade natal de Marcos, Oriente), e por isso foi poupado do confronto entre Palmeiras e Santos.[23] No jogo houve um minuto de silêncio em homenagem ao pai do jogador.
Uma semana depois, no dia 9 de novembro de 2008, na partida contra o Grêmio, Marcos talvez fez uma das atitudes que o marcou com a camisa do Palmeiras: com o time precisando vencer para continuar perto dos líderes do campeonato, o Palmeiras estava perdendo por 1 a 0, quando Marcos abandonou sua meta e foi ao ataque quatro vezes seguidas, mesmo faltando pouco mais de vinte minutos para acabar a partida. Mas o esforço foi em vão e o Palmeiras acabou não vencendo e se distanciou das primeiras colocações.
No dia 1 de dezembro de 2008, o goleiro Marcos foi eleito pela IFFHS o terceiro jogador mais popular do mundo ficando na frente de nomes como o português Cristiano Ronaldo, Kaká, Lionel Messi, Ronaldinho Gaúcho[24] e o companheiro de posição e rival Rogério Ceni. Além disso, foi eleito o terceiro melhor goleiro do Campeonato Brasileiro de 2008.[25]
No dia 12 de maio de 2009, em jogo contra o Sport válido pelas oitavas de final da Copa Libertadores da América, Marcos defendendo três cobranças adversárias nas disputas de pênaltis, garantiu a ida do Palmeiras às quartas-de-final.[26]
Marcos também participou do Campeonato Brasileiro de 2009, mas foi prejudicado pela queda de rendimento do Palmeiras no final da competição. Mesmo assim foi eleito o segundo melhor goleiro do campeonato, prêmio concedido pela CBF.[27][28]
No dia 14 de março de 2010, em clássico disputado contra o Santos, Marcos entrou em campo com a camisa do Palmeiras pela 483ª vez. Tornou-se assim o segundo goleiro a disputar mais partidas pela equipe alviverde em toda a história, ficando atrás apenas de Emerson Leão, que disputou 617 jogos com a camisa da equipe.[29]
Já no dia 21 de abril de 2010, em partida disputada contra o Atlético Paranaense, entrou em campo com a camisa do Palmeiras pela 489ª vez, tornando-se o oitavo jogador a disputar mais partidas pelo clube em toda a história.[30]
No dia 9 de julho de 2010, na festa de despedida do Estádio Palestra Itália para transformação numa arena multiuso, Marcos foi homenageado com uma placa comemorativa, antes de um amistoso contra o Boca Juniors, já que foi o jogador que mais atuou em toda a história do antigo estádio. Foram 211 partidas disputadas desde 1996, quando entrou em campo pela primeira vez com a camisa do Palmeiras.[31]
No dia 19 de agosto de 2010, em jogo contra o Vitória pela Copa Sul-Americana de 2010, o goleiro Marcos alcançou a histórica marca de 500 jogos pelo Palmeiras.[32] Neste jogo o Palmeiras venceu a equipe baiana por 3 a 0 e avançou às oitavas-de-final da competição. Um jogo antes, no dia 14 de agosto de 2010, quando o Palmeiras derrotou o Atlético-PR por 2 a 0, pelo Campeonato Brasileiro de 2010, Marcos já havia atingido outra marca: ultrapassou Djalma Santos em número de jogos pelo alviverde e se tornou o sétimo jogador a disputar mais partidas pelo Palmeiras em toda a história.
Aposentadoria
Ao longo de sua carreira as lesões sempre estiveram presentes na vida do goleiro, e a possibilidade sempre estiverem presentes como em 2000, quando fraturou o punho esquerdo e, precisou ser operado. Mas a possibilidade de aposentadoria do então goleiro com 26 anos, foi descartada. Porém ela voltou a tona em 2004, durante um treino pela Seleção Brasileira, volta a se lesionar no punho esquerdo. Nova operação e mais sete meses afastado.[34][35][36] Em 2007, Marcos novamente se machucou na partida contra o Juventus, pelo Campeonato Paulista.[37] Após ficar praticamente um ano sem jogar, Marcos voltou ao Palmeiras em um jogo contra o Guaratinguetá, em 2008, onde acabou sendo derrotado por 3 a 0.[38][39] No início de 2009, com a eleição de Belluzzo para à presidência do Palmeiras, Marcos teve seu contrato perto do fim, renovado por mais duas temporadas e, com opção para permanecer mais três temporadas na comissão técnica do clube.[40][41]
Após a perda do título nacional, no ano de 2009, o Palmeiras entrou muito pressionado no ano seguinte. O time não correspondia dentro de campo, e após atuações irregulares, Marcos levantou novamente a possibilidade de se aposentar no final da temporada. Após a metade do Campeonato Brasileiro, Marcos passou a sentir dores no músculo adutor da coxa direita; foi o começo do fim do arqueiro como titular do Palmeiras. No ano de 2011, as dores estavam mais presentes por todo o corpo, era visível nos jogos: tanto que das 69 partidas do time Marcos jogou apenas 27.[42] Na reapresentação do elenco para a temporada 2012, em reunião com a diretoria palmeirense Marcos anunciou sua aposentadoria.[43][44][45][46]
Sua última partida como profissional foi realizada em 18 de setembro de 2011, na partida no empate por 1 a 1, contra o Avaí, em Florianópolis, pelo Campeonato Brasileiro.[47][48][49]
No dia 14 de janeiro de 2012, uma legião de mais de 5 mil palmeirenses formou uma passeata chamada pela torcida de "Procissão para beatificação do Santo-Goleiro" que iria do Estádio Palestra Itália até o estádio municipal Pacaembu, onde aconteceria um amistoso do Palmeiras contra o Ajax da Holanda.[50] O jogo terminou em 1 a 0 para o Palmeiras, com direito a muitas homenagens ao goleiro em seu primeiro jogo como ex-jogador do clube e aposentado.
Se despediu no dia 11 de dezembro de 2012, num amistoso festivo entre Seleção Brasileira da Copa de 2002 e o Palmeiras campeão da Libertadores de 1999, sendo no dia 12 de dezembro de 2012, em homenagem a camisa 12 usada por ele durante sua carreira (12/12/2012). O jogo terminou com o placar de 2 a 2, com Marcos abrindo o placar numa cobrança de pênalti.[51] A árbitra do jogo foi a famosa bandeirinha Ana Paula Oliveira.
Embaixador do Palmeiras
Poucos meses depois do anúncio de sua aposentadoria como goleiro, Marcos iniciou uma nova fase profissional, sem, entretanto, deixar o Palmeiras. Depois de fechar um contrato de marketing com o clube, ele foi nomeado embaixador do Palmeiras. A função do ex-goleiro é, por meio de seu carisma com a torcida, cultivar os antigos fãs da equipe e conquistar novos torcedores nas diversas viagens que a equipe fará aos diversos locais onde os jogos do Palmeiras são disputados.
Nenhum comentário:
Postar um comentário